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domingo, 3 de fevereiro de 2013

As pessoas tem a incrível mania de nos magoar. Do nada, por nada. Elas simplesmente estão ali, são seu chão, seu ar, e de repente, desaparecem. Insistem em tornarem-se apenas lembranças, sem nosso consentimento, apenas boas memórias; e quem tem insegurança como companheira da vida toda se pergunta "o que eu fiz?" até ontem andávamos ali colados, sempre lado a lado e agora? agora somos o que? Isso machuca tanto quanto o fim de um relacionamento. Talvez tanto quanto a morte de alguém querido... Porque é pior, não há razões, simplesmente se vai. E você sabe que a pessoa ainda está ali, te observando. Só não acontece mais como antes. Só não "rola" mais como antes.
O coração se fere de uma forma inquietante, mareja os olhos e esfria a alma. Um irmão, um amigo, um companheiro que se afasta, que te deixa e você sem saber o que fazer, se deve perguntar, se deve se aproximar.
Talvez seja o tempo, talvez seja a vida... Talvez, talvez, talvez... 
Não é que minha paciência seja pequena, ela é apenas seletiva. Eu não vou ter mesmo paciência para ouvir a descrição do corpo do vizinho, muito menos sobre a mais nova fofoca da vizinhança; Isso me cansa! Minha paciência seleciona, gosta de aparecer para o que vale a pena. Livros, história, relatos, notícias, problemas, cultura...ela se expande para tudo isso. Pessoas cheias, com fogos de artificio na mente, com alma surrada e mente inquietante. Gente que fala com a gente, não sobre a gente. Histórias, acasos, idosos e seus contos, crianças e sua imaginação  o jornal internacional, o livro sobre o holocausto, a descoberta do psiquiatra, música boa e até receita da vovó para agradar alguém que amo. Porém, nao peça para minha paciência sentar no meu colo e ouvir suas lamentações pelo homem que sempre te fez mal, mas você ama, ou para assistir aqueles programas de domingo, muito menos para relatar um acontecimento da vida alheia, ou ouvir quantos homens ou mulheres beijou na balada em que ficou "chapado". Não, ela não vai te querer. Nem sua alienação nem sua utopia, nem seu corpo sarado. Ela só gosta de quem põe pra funcionar o que tem dentro da cabeça, quem fala sobre o mundo,suas cores e dores. Quem olha a vida por entrelinhas de livros, filmes. Eu vou ter paciência para as loucuras da vida, para o dor dos outros, para os excluídos, e perdidos. A minha paciência é apaixonada pela mente! Mentes cheias! Cheias de coisas que valham a pena serem ouvidas: o filósofo de rua, o mais velho paciente da ala psiquiátrica, o historiador, o ex-guerrilheiro, o pai que salvou os filhos, o milionário que chegou lá com esforço. Aos vazios, aos que tem necessidade de copos cheios e lista de "ficantes", aos milionários a custa dos outros, aos manipulados, aos que são sempre adeptos ao modismo emergente, as futuras "panicats" , aos "marombas" que esquecem de malhar o cérebro , aos sem sonhos e sem histórias para contar: o meu perdão, mas minha paciência não irá te aturar!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Perdia a alma; isso era o que de melhor eu imaginava fazer, não buscava esperanças, nem paz, nem dor, simplesmente não buscava, apenas perdia. A mim, aos outros, a vida, ao mundo, a qualquer coisa que fosse possível - as vezes até impossível - de perder. De tantos em tantos caminhos eu passei, tantas em tantas estradas, e casas, e cidades, e campos... Vivia de tantos ao meio de nadas. Centenas de pessoas, de olhares, de paixões. Sem futuro, sem planejamentos. Nada era mais valioso que não morrer, nada importava  mais e nem testava tanto meu corpo e mente que terminar mais um dia.
Noites, dias, dias, noites, girava, girava, girava e lá estava: o quarto, as cartas, as folhas, o café, os cigarros, a vodca, os monstros, as vozes..O mesmo ciclo, por tanto tempo... Girava. E o ponto de partida é o mesmo de chegada, esse ciclo vicioso me matava.
 A moto, os olhos, os medos, as brigas, os sonhos.
 Eu me perdia. E continuava a acreditar que apenas isto restava: perder, perder e perder! Nada a buscar, nada a encontrar, nada a me buscar, nada a me encontrar. Um, dois, três anos... Três longos anos em um mesmo ciclo, dez quilos a menos, dez chances a menos, dez anos a menos de vida, dez pontos a menos, dez  a menos, vinte a menos, qualquer coisa que fosse era a menos, a perder, a diminuir. Fome de menos, sono de menos, medo de menos, sonhos de menos, esperança anulada. Décimo quarto e tente morrer. Décimo quarto e pense em morrer. Décimo quarto e uma outra vida.
Cinco anos depois e algo estava a me buscar, algo estava a me encontrar.. e o fizeste. Cinco anos depois, décimo oitavo. Tente viver. Queira viver.
Paz.
Uma face. Um sonho. Meu marido. Um casamento.
Não é tão impossível assim salvar uma vida!
Sonhos encontrados, esperanças recicladas, por uma vida, por um amor. Pelas mãos quentes, sonhos, abraços, desejos.
O colo, o corpo, a alma! Ah, alma.
Uma pela outra. Reencontrada.