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domingo, 14 de agosto de 2011


As pessoas se aglomeravam, todos ouvindo o mesmo som... O meu namorado, aquele que tu disseste que tinha um olhar puro, estava ao meu lado, quando um cara de calça jeans, camisa branca com as mangas dobradas e um sapato, estilo tempos da brilhantina, se destacou, de primeiro achei-o ridículo, mas ao olhar para o rosto... Eu juro que era você. Quando ele olhou para mim e ficou encarando-me, por muito tempo, como se estivesse me reconhecendo... Senti o coração querer sair pela boca, minha pressão simplesmente despencou e não sentia nem minhas pernas. Eu podia jurar que era você. O formato do rosto, do queixo, do modo como andava, dançava e cantava. Era você, entrei em pânico e tive um surto de memória, de visão, de controle. Simplesmente agarrei meu namorado e abracei-o forte. Ele sabe tudo mesmo, toda a história, todos os acontecimentos e de quantas outras vezes vi teu rosto em muitas pessoas. Quis chorar, eu juro que quis.
Meu corpo ficou anestesiado, senti como se minhas costelas se abrissem dentro de mim, o pulmão fechasse e a garganta inflasse, houve um buraco, um nó a garganta... Aquela sensação que tive por um ano inteiro a cada vez que te via. Por alguns instantes eu não conseguia tirar os olhos do tal cara, era você. Eu não estou louca, não de novo. Nem estava com tanta saudade de ti, mas naqueles instantes, eu senti saudade... Saudade não, falta. Matadora, esmagadora – talvez literalmente, por que parecia que estava sendo pisoteada por um elefante ou que atiravam contra meu peito. A dor foi imensa, eu não a sentia tão forte há tanto tempo... Que nem lembrava com driblar isso, digo, eu lembrava que driblava com álcool e cigarros, não lembrava o modo bom de driblar isso.  Optei pelo ruim, claro, é o que estava ao alcance no momento e seria o mais rápido; já que faziam quase vinte e quatro horas que não me alimentava, uma simples lata de cerveja me alterou o suficiente para sentir dentro do cérebro os riffles das guitarras das bandas que se apresentavam.
Senti-me pela metade... Aliás, ainda sinto-me pela metade, era teu rosto... Com as mesmas marcas, o mesmo jeito de olhar, de falar com as pessoas, a mesma altura, até o mesmo jeito de se vestir quando queria chamar a atenção, o mesmo modelo de mãos, o mesmo sorriso perturbado.
Sei que não deveria estar escrevendo pra ti de novo, mas isso me alivia... Faz-me respirar mais facilmente.

Agora teu rosto está em minha mente mais uma vez
E eu não consigo fazer nada para mudar
Agora tua vida está na minha cabeça mais uma vez
E ela já não me pertence mais (...)

Um comentário:

  1. O texto inteiro eu me senti nele.. Mas nesta parte me deu até um "back to the past" "Senti-me pela metade... Aliás, ainda sinto-me pela metade, era teu rosto... Com as mesmas marcas, o mesmo jeito de olhar, de falar com as pessoas, a mesma altura, até o mesmo jeito de se vestir quando queria chamar a atenção, o mesmo modelo de mãos, o mesmo sorriso perturbado."
    Você escreve muito bem :) Parabéns

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