» indexaboutmessagelinks
<$BlogDateHeaderDate$>, <$BlogItemDateTime$> >(comment)

<$BlogItemBody$>


« previous
next »
-->

terça-feira, 6 de julho de 2010

E assim nos quedamos para sempre, aí plantados e seguros, sem nunca mais nos soltarmos um do outro, nem mais podermos mover com os nossos duros membros contraídos. E, pouco a pouco, nossos cabelos e nossos pêlos se nos foram desprendendo e caindo lentamente pelo corpo abaixo. E cada poro que eles deixavam era um novo respiradouro que se abria para beber a noite tenebrosa. Então sentimos que o nosso sangue ia-se a mais e mais se arrefecendo e desfibrinando, até ficar de todo transformado numa seiva linfática e fria. Nossa medula começou a endurecer e revestir-se de camadas lenhosas, que substituíam os ossos e os músculos; e nós fomos surdamente nos lignificando, nos encascando, a fazer-nos fibrosos desde o tronco até às hastes e às estipulas.
Já não víamos; já não falávamos; íamos também deixar de pensar...

Aluísio de Azevedo - Demônios

Nenhum comentário:

Postar um comentário